27 de jul. de 2009

Salve Nanã, Saluba Nanã

Em homenagem a minha irmã Mariana (Maria e Ana, rsrsrs), que faz do barro "arte e cura".

Grande senhora das terras molhadas e fecundas, com a qual foram criados todos os seres, reina na lama que formou a Terra, nas águas paradas e pântanos.

Nanã, senhora de muitos búzios, que simbolizam fecundidade, riqueza e morte. É associada ao barro com que foi moldado o primeiro homem; ao fundo de rios e mares. É o ponto de contato entre as águas e a terra. Vive nas madrugadas, quando o orvalho umedece a terra.Nanã, pelo fato de ser um dos primeiros Orixás criados por Olorun, é caracterizada como uma anciã, ou uma avó. É guardiã do reinado dos eguns e ancestrais, assim como Obaluayê; usando o ibiri (espécie de bastão ritual com a ponta curva, confeccionado com palha da costa e búzios) como elemento controlador e genitor. Seus preceitos são extremamente complexos e ricos em detalhes... Ao mesmo tempo em que dá vida às criaturas, faz com que retornem ao seu elemento de origem, para mais tarde, renascerem na Terra, formando o ciclo da vida e da morte. Por isso, o corpo após a morte, deve ser devolvido a terra, de onde ele saiu um dia.

“Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo”

A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino.A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nanã faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nanã.

“Nanã é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte”

Ela é a origem e o poder. Entender Nanã é entender o destino, a vida e a trajectória do homem sobre a terra, pois Nanã é a História. Nanã é água parada, água da vida e da morte.

É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nanã. Respeitada e temida, Nanã, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.

Nanã Buruquê representa a junção daquilo que foi criado por Deus. Ela é o ponto de contato da terra com as águas; sendo portanto também sua criação, simultânea a da criação do mundo.

1. Com a junção da água e a terra surgiu o barro.

2. O barro com o sopro divino representa movimento.

3. O movimento adquire estrutura.

4. Movimento e estrutura surgiram à criação; O homem.

Portanto, para alguns, Nanã é a divindade suprema que junto com Zâmbi (divindade máxima de um culto), fez parte da criação, sendo ela responsável pelo elemento barro, que deu forma ao primeiro homem e de todos os seres viventes da terra, e da continuação da existência humana e também da morte, passando por uma transmutação para que se transforme continuamente e nada se perca.A senhora do reino da morte é, como elemento, a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e esquenta, numa repetição do ventre, da vida intra-uterina.


Muitos são portanto os mistérios que Nanã esconde, pois nela entram os mortos e através dela são modificados para poderem nascer novamente. Só através da morte é que poderá acontecer para cada um a nova encarnação, para novo nascimento, a vivência de um novo destino – e a responsável por esse período é justamente Nanã.Em outra linha da vida, ela é encontrada na menopausa. No inicio desta linha está Oxum estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos.A Orixá Nanã rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. Atua decantando os seres emocionados e preparando-os para uma nova “vida”, já mais equilibrada.Flor de Lótus: a flor do Pântano. Beleza e Pureza que nasce do lodo.


Texto extraído do blog de Nana Odara:
Imagens do google

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