28 de nov. de 2008

Vegetarianismo

O termo "vegetariano" não provem de "vegetal", mas sim do termo latino "vegetare", que significa "dar vida, animar". Quando os romanos usavam o termo homovegetos, eles se referiam a uma pessoa vigorosa, dinâmica.

O que é Vegetarianismo?
No vegetarianismo, entende-se que o consumo de alimentos de origem animal é uma prática desnecessária, que prejudica a saúde humana, o meio ambiente, os animais e a sociedade.
Ovo-lacto-vegetarianos: não consomem qualquer tipo de carne, e consomem laticínios e ovos.
Lacto-vegetarianos: não consomem carne nem ovos, e consomem leite e derivados
Vegans: não consomem qualquer produto de origem animal (carne,leite, ovos, mel) e também não utilizam produtos que tragam sofrimento animal embutido: couro, lã, seda e cosméticos que contenham ingredientes animais ou que tenham sido testados em animais.


Por que ser vegetariano(a)?
Há vários motivos: saúde, ética, compaixão pelos animais, fome mundial, preservação do meio ambiente.

Saúde
"Quanto mais o homem simplifica a sua alimentação e se afasta do regime carnívoro, mas sábia é a sua mente" (George Bernard Shaw)

Uma dieta vegetariana é saudável porque: é
. Rica em fibras, vitaminas e minerais.
. Pobre em gorduras saturadas, colesterol e contaminantes químicos
(hormônios, antibióticos, pesticidas).
. Moderada em proteínas e calorias.
. Saborosa, trazendo pratos da culinária mediterrânea, indiana, japonesa, etc.

Variada, incluindo hortaliças, legumes, frutas, raízes, cereais integrais (arroz, trigo, centeio, cevadinha), leguminosas (feijão, soja, ervilha,lentilha, grão-de-bico) e oleaginosas (castanhas, nozes e sementes).
. Nutritiva, fornecendo todos os nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo.
. Preventiva, uma dieta vegetariana reduz o risco de doenças crônicas e degenerativas, como cardiopatias, câncer, diabetes. Obesidade, osteoporose, doenças da vesícula biliar, artrite, asma, pedras nos rins e hipertensão. doenças circulatórias (infarto, derrame, pressão alta) entre outras.

Há um grande número de trabalhos científicos que mostram as propriedades preventivas das dietas vegetarianas.

Mantém o colesterol em níveis adequados - Uma dieta livre de alimentos de origem animal é capaz de controlar a pressão nas artérias e ainda manter níveis adequados de colesterol.
Um estudo do Instituto do Coração (InCor/USP) de 2002 comparou, entre outros fatores de risco para doenças do coração, a pressão arterial e os níveis de colesterol de 136 pessoas, entre vegetarianos e comedores de carne.
Os vegetarianos não apresentaram nenhum caso de pressão alta e apenas 22% das pessoas tinham colesterol elevado.
No grupo que consumia carne, 22% das pessoas apresentaram pressão alta e 41% tinham o colesterol acima do limite máximo recomendado.


Orientação
Há ainda muitas publicações e alguns profissionais que podem orientar uma transição saudável para o vegetarianismo. A informação e orientação são muito importantes para planejar bem a dieta!
Ética
"Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos. Nós nos sentimos melhor com nós mesmos e melhores com os animais, sabendo que não estamos contribuindo para o sofrimento deles".
(Paul e Linda McCartney)


Compaixão pelos animais
Não nos enganemos: todo animal é capaz de sentir e não há nenhuma justificativa moral para desprezar sua vida, negligenciar seu sofrimento, banalizar o ato de sua morte e mutilar seu cadáver para com ele fazer delicatesses carnívoras.

Fazer sofrer e matar seres vivos sensíveis por razões banais é uma daquelas injustiças elementares a que somos inclinados a condenar. No entanto, falta ainda a convicção de que matar animais para alimentação é uma razão banal e que a cadeia animal não é indispensável.
Do ponto de vista ético, matar um animal é um ato incompatível com as aspirações intelectuais e espirituais da nossa espécie. Se matar um animal dentro de um contexto de defesa ainda é aceitável, abate-lo para lhes retirar as proteínas, as gorduras, os conhecimentos
científicos, e os prazeres gustativos não é aceitável, tanto mais que estas questões são banais em comparação com o sofrimento e a perda de vida de um animal, ser sensível e consciente.

Animais usados como produtos – os bastidores
Os animais criados para consumo, são confinados, manipulados especificamente para o aumento de produção, através de genética, medicamentos e técnicas de manejo. Devido às considerações econômicas, eles não recebem analgésicos.
O gado é marcado várias vezes durante sua vida (causando queimaduras de 3º grau), chifres são removidos , castrações pelo corte dos testículos com facas ou forçando sua queda amarrando-os para interromper o fluxo sangüíneo, mais uma vez, por razões econômicas tudo é feito sem anestesia.
Os modernos antibióticos e vacinas são a razão pela qual os animais sobrevivem às condições intensivas até atingirem o peso do mercado ou até que se tornem " gastos", ( termo utilizado para vacas leiteiras ou galinhas poedeiras cuja produção cai ) e serem mandados para o matadouro.
Mesmo quando são criados soltos os animais, muitas vezes passam fome, vivem cheios de parasitas e apanham copiosamente.

Galinhas
As galinhas vivem espremidas em gaiolas do tamanho delas, as luzes ficam acessas até 18 horas por dia – assim elas não dormem e comem mais (isso acontece principalmente com as que produzem ovos), seus bicos são cortados sem anestesia.
O corte dos tecidos delicados com a faca causa dor que persiste por semanas ou até meses. Algumas aves não conseguem comer após o corte dos bicos e morrem de fome. Esse procedimento é feito para que elas não matem umas as outras e para evitar que elas escolham a parte da ração de sua preferência - caso contrário, ciscariam apenas os grãos de seu agrado e deixariam de lado os alimentos que servem para que engordem mais rapidamente.

Porcos
Porcos não têm espaço nem para se deitar confortavelmente. São confinados do nascimento ao abate. As gestantes são forçadas a parir atadas a uma fivela apertada na baia.
Pela sua natureza, os porcos são curiosos e normalmente passariam metade do tempo cavando a terra. A frustração do confinamento faz com que lutem e mordam suas caudas. A resposta da indústria é o corte das caudas e a castração dos porquinhos para torná-los menos agressivos sem o uso de anestesia.
Ser impedido de realizar os instintos mais básicos é motivo de enorme sofrimento. Mesmo os animais criados em gaiolas desde que nasceram sentem necessidade de se mover, esticar as asas ou membros e fazer exercícios.


Rebanhos ou bandos de animais ficam estressados quando são criados isolados ou quando são confinados em grupos muito numerosos, pois têm dificuldade para reconhecerem os outros membros. Além disso, todo o animal confinado sofre de intenso aborrecimento, o que pode provocar um comportamento autodestrutivo.

Transporte
Quando são levados aos matadouros os animais são prensados ao máximo possível nos caminhões para minimizar os custos. Eles vivem nos excrementos uns dos outros e são expostos a condições severas de temperaturas em caminhões abertos, ficam sem água ou alimento por longos períodos de tempo. Em vista disso, muitos morrem a caminho.

Abate - boi
Para se abater um boi de maneira "humanitária", primeiro se dá um disparo na testa com uma pistola de ar comprimido.
O tiro deixa o animal desacordado por alguns minutos- ele então é erguido por uma argola na pata traseira e sua garganta é cortada.
Os animais são sangrados até a morte ainda conscientes. O abate a marretada é proibido, o que não quer dizer que não aconteça, já que 50% dos abates são clandestinos e, portanto, sem fiscalização. Como não é fácil acertar o boi com o primeiro golpe, muitas vezes são necessários dezenas para desacorda-lo.

Abate - galinhas
As galinhas são despejadas como lixo dos caminhões que as traze; são colocadas em ganchos que fazem parte do sistema de abate automático, sofrem uma descarga elétrica que deveria causar a inconsciência , mas essa corrente é reduzida causando somente dor (níveis maiores de corrente endurecem a carne).
Vão para o próximo estágio com plena consciência, passam por máquina que vai degolando o pescoço, são imersas em um banho escaldante, depois vão para a área onde serão depenadas.

Abate - porcos
O abate dos porcos é parecido com o de bovinos, com a diferença que o atordoamento é feito com um choque elétrico na cabeça e que o animal é jogado num tanque de água fervendo após o sangramento, para facilitar a retirada da pele. Alguns são mergulhados na água fervente ainda vivos.

Pânico
Os animais podem sentir o cheiro, ouvir os gritos e freqüentemente ver a matança daqueles que foram abatidos antes deles. Há verdadeiro pânico e eles tentam fugir dando saltos, o que é inútil, pois estão cercados de chapas de aço.
Nos dias de hoje, compra-se carne longe da matança, o que cria uma falsa impressão de que se alimentar de cadáveres é algo normal e inofensivo. Entretanto quando alguém é apresentado à grotesca realidade de um matadouro, fica chocado com a selvageria e impiedade que há por trás dos pratos de carnes. Não podemos ignorar uma realidade de crueldade e sofrimento que acontece todos os dias contra criaturas pacíficas e indefesas. Se a população tivesse que matar para comer, certamente o número de vegetarianos seria muito maior.
Não permita que matem em seu nome!


Comer peixe é uma alternativa?
Quando paramos de comer carne, surgem muitas dúvidas sobre como obter proteínas e manter uma dieta quantitativamente saudável.
Se frangos e aves, devido aos aspectos sanitários e humanitários, também não devem ser consumidos, os peixes e frutos do mar aparecem como alternativas, até mesmo consideradas saudáveis. Mas, infelizmente, não é bem assim.
Embora a gordura da maioria dos peixes de água salgada e de água doce seja insaturada e benéfica para a saúde, os frutos do mar e muitos produtos dos rios e lagos são ricos em colesterol. O hábito de consumir peixes crus, como o sashimi e o sushi, mesmo sendo uma forma de adquirir proteínas de boa qualidade, não isenta o seu apreciador de assimilar colesterol.
Peixes também sentem dor
Em um documentário realizado no EUA, estudiosos declararam que os peixes têm em suas bocas quase a mesma quantidade de terminações nervosas que os humanos têm em seus genitais. Assim, puxar um peixe para fora d'água com um anzol seria como tirar uma pessoa da água segurando suas partes íntimas.

Intoxicações Alimentares
As piores intoxicações alimentares são provocadas por frutos do mar deteriorados, como ostras, mariscos, camarões, etc. Cerca de 20% dos seres humanos apresentam algum tipo de alergia às suas proteínas, principalmente as do camarão.

Contaminação
Há atualmente um grande risco de contaminação humana por agentes poluentes (PCB, DDT) e metais pesados com o consumo de frutos do mar.
Um marisco ou ostra é capaz de filtrar muitos litros de água do mar por dia, o que pode determinar uma grande concentração de metais pesados e substâncias nocivas, capazes de contaminar o consumidor, às vezes mortalmente. Os animais capturados próximos às grandes cidades são os mais perigosos, já que são mais expostos ao problema.

Impactos Ambientais
O Sea Sherphed Conservation Society (Sociedade de Conservação do Leão Marinho) documentou que as redes de arrastão usadas pelas pesqueiras comercias, com muitas milhas de comprimento, capturam e matam muitos outros animais em seu caminho: golfinhos, baleias, pássaros, tartarugas marinhas.
A pesca industrial dizimou o ambiente marinho e provocou o declínio de cerca de 90% dos grandes peixes do mundo ao longo dos últimos 50 anos, afirma um estudo publicado pela revista "Nature" – Maio de 2003.

Ética - Fome mundial
800 milhões de pessoas passam fome no mundo!
O peso coletivo dos bovinos no mundo é superior ao peso coletivo dos humanos. Esse gado criado para corte consome um terço de toda a safra de grãos do Planeta, enquanto um bilhão de pessoas sofrem de fome crônica e desnutrição.
Pode-se facilmente produzir alimentos para saciar a fome dessas pessoas, bastando pra isto que os recursos empregados na produção de ração animal sejam direcionados para a produção de alimentos para o consumo humano.
Um acre de cereal produz cinco vezes mais proteínas do que o acre devotado à criação de gado; um acre de legumes (feijões ou lentilhas) dez vezes mais. Assim, se uma parte de terra ocupada por gado fosse destinada a culturas, a maior parte dos famintos poderia ser alimentada adequadamente.
Aliás, segundo dados bastante atuais do setor agropecuário, um bovino ocupa em média no Brasil, área de 1,5 hectares, espaço adequado ao plantio de vegetais para cesta básica, que alimentaria muitas famílias.
Se todos fossemos vegetarianos é provável que não houvesse tanta fome no mundo. É que os rebanhos consomem boa parte dos recursos da terra (uma vaca, num único gole bebe até dois litros de água, num dia consome até 100 litros) para produzir 1 quilo de carne, gasta-se 43.000 litros de água, enquanto um quilo de tomates custa ao planeta 200 litros de água.
Sem falar que damos grande parte dos vegetais que produzimos aos animais. Um terço dos grãos do mundo viram comida de vaca, boa parte de nossa produção de soja, uma das maiores do mundo é exportada para ser dada ao gado. Outra questão é que a pecuária bovina estimula a monocultura de grãos. Num mundo vegetariano haverias lavouras mais diversificadas e teríamos muito mais recursos para combater a fome.

Ética - Meio Ambiente
"A Terra tem o suficiente para suprir a necessidade de todos, mas não têm o bastante para satisfazer a ganância de algumas pessoas". (Mahatma Gandhi)

. A indústria da carne é um dos agentes mais poluentes, que mais consome água, é também responsável pela destruição das florestas tropicais e outras florestas em todo o mundo.
. Uma fazenda de porcos gera lixo equivalente a uma cidade de 12.000 habitantes. Estima-se que o gado americano por si só produz 127 toneladas de fezes por segundo, o que significa 13 vezes a produção humana. A amônia contida nas fezes polui as águas e afeta severamente a camada de ozônio. Os resíduos animais são 100 vezes mais poluentes do que os resíduos humanos.
. A energia necessária para produzir um só hambúrguer poderia abastecer um veículo para rodar 30 km ou aquecer água para 17 banhos quentes.
. Estudos recentes realizados nos Estados Unidos revelam que o rebanho bovino é responsável por pelo menos 12% do gás metano (uma das substâncias que mais influenciam para o efeito estufa) liberado para o meio ambiente.
. A criação extensiva de gado só se faz com desmatamento. Estima-se que 40% da floresta amazônica foi devastada para a criação de gado. Tira-se a mata nativa, e com ela toda a fauna e a flora correspondentes, transformando a área em pasto para bois.
Do total de 4.14 bilhões de kg de carne de boi consumidos em 1996 nos EUA, 160 milhões de kg foram importados do Brasil, o que contribui para a desertificação da Amazônia, mas não ajudou a alimentar a população brasileira. O benefício econômico obtido com a exportação é enganoso.
Estima-se que cada hectare (10.00m2) de floresta derrubada para a formação de pastos seja capa de produzir US$ 160, enquanto que, com uma exploração sustentável (para a produção de látex e frutas, por exemplo), a mesma área possa produzir US$7.280!
Como podemos concluir, a opção de não comer carne pode ajudar individualmente a cada um de nós e, conjuntamente, ao nosso planeta como um todo.


"Ser vegetariano é discordar: discordar do curso que as coisas tomaram hoje. Fome, crueldade, desperdício, guerras. Precisamos nos posicionar contra essas coisas. O vegetarianismo é minha forma de me posicionar". (Issac Bashevis Singer)

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