São crescentes os movimentos de cuidado de mulheres em relação a outras mulheres. Em associações, em organizações governamentais e não governamentais, em grupos terapêuticos, em propostas holísticas, em movimentos políticos, notamos cada vez mais a união de mulheres em prol das mulheres. Não se trata de algo novo em essência, mas talvez tenha ganhado um pouco mais de visibilidade. Quem nunca ouviu histórias de avós que se uniam com suas comadres na criação dos filhos, para bordar, trocar receitas e, mais que isso, para compartilhar toda uma vida, formando uma verdadeira rede muitas vezes silenciosa ou silenciada por uma sociedade que sufocava e anulava a sua expressão? Os risos, as lágrimas, os sonhos por muito tempo ficaram reservados à beira do fogão à lenha ou às margens do rio onde se lavavam a roupa e a alma. Hoje talvez se perceba com mais clareza a importância desses espaços de troca, de abertura, de compartilhar, e as mulheres tenham buscado mais conscientemente por algo assim.
Vemos mulheres que tomam a iniciativa de proporcionar algo a mais, mulheres que criam oportunidades e convidam outras a dividirem com elas esse pão de vida. Sem um espaço onde possamos ser aceitas - em nosso silêncio ou em nosso falar - nos sentimos sufocadas, aflitas, tristes e sem viço. Parece que algumas mulheres percebem isso no mais fundo da sensibilidade de sua alma e não sossegam enquanto não encontram um meio de expressão para ela e para as outras.
Ali, no caos que se instala nesse sufocamento, nessa sensação de vazio ou até de transbordamento, muitas mulheres encontram as chaves, os instrumentos, os ingredientes para verdadeiras transformações alquímicas, para recomeços, para novos caminhos.
Ali, no caos que se instala nesse sufocamento, nessa sensação de vazio ou até de transbordamento, muitas mulheres encontram as chaves, os instrumentos, os ingredientes para verdadeiras transformações alquímicas, para recomeços, para novos caminhos.
Respirar fundo, voltar, ajudar... - No caos de situações que poderiam dilacerar, algumas mulheres descobrem força há muito guardada. E essa força chega para fazê-las respirar fundo o suficiente para encher seu corpo de energia e poderem, então, seguir. Mulheres que retornam das cinzas, por vezes meio chamuscadas, mas que percebem em suas marcas sinais de que caminhos outros elas podem seguir, de que cuidados precisam tomar e para além de si percebem algo mais: existem outras tantas que também sofrem com as batalhas de todos os dias, existem outras tantas que nem força têm encontrado para lutar.
Desperta, assim, mais que a energia para seguir sua trilha solitária, mas também a noção de que é preciso se unir a outras mulheres, de que é preciso que cuidemos umas das outras.Quanto dessa energia já habita dentro de mim, de você e andamos buscando aí fora? Quantas dessas mulheres estão aqui nas colunas do Absoluta? Quantas dessas mulheres estão lendo agora esse texto? E quantas dessas mulheres não escrevem, não lêem, mas têm a suprema sabedoria em seus corações e encontram-se por aí nos mais distantes vales? Muitas vezes, é só no sacolejo do caos que silenciamos um pouco a mente, que nos vemos sem respostas prontas e o novo pode emergir. É no novo que tanto assusta que podemos encontrar as mudanças que almejamos, mas que fazendo sempre as mesmas coisas não conseguimos alcançar.
Que saibamos deixar espaço para que essa força escondida dentro de nós resplandeça. Que permitamos que a mulher oculta dentro de nós possa vir à luz e cuidar de nossas feridas, uma mulher cuidando da outra como primeiro passo dessa ciranda.
Por Juliana Gomes Garcia - Psicóloga, Pós-graduanda em Psicodrama, Artesã, Facilitadora em trabalhos grupais com mulheres, Sócia-fundadora do Espaço Revitalizar - Psicologia, Educação e Artes.
Por Juliana Gomes Garcia - Psicóloga, Pós-graduanda em Psicodrama, Artesã, Facilitadora em trabalhos grupais com mulheres, Sócia-fundadora do Espaço Revitalizar - Psicologia, Educação e Artes.
Fonte:
Absoluta on-line
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