Venho a tempo falando e incentivando às mulheres nos Círculos Femininos à abandonarem os absorventes tóxicos que a maioria utiliza e optarem por um Ciclo Consciente. Os Abiosorventes chegaram, ou melhor, VOLTARAM para nos acordar para uma série de questões. No marcador Ciclo Feminino neste blog, tratamos sobre elas.
Costumo dizer também, que pode ser uma boa fonte de renda fabricá-los, inclusive para mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade social, podendo ser proposta em Projetos Sociais das Secretarias Públicas.
Estamos falando de Saúde, Economia, Meio Ambiente, Cultura Sustentável... querem mais para convencê-los?
Mas também nada de falta de higiene. Os absorventes, inspirados nos modelos de nossas avós ou bisas, usam toalhinhas de algodão. Depois de usadas, devem ser bem lavadas e secadas para serem usadas novamente. Os ginecologistas aprovam o material, dizem que é mais saudável para a mulher do que os plásticos.
E isso não é conversa de doido ou de ambientalista radical. A moda já está chegando em Brasília, São Paulo e no Rio de Janeiro. E ganhando adeptas. Quer saber como? Leia abaixo a matéria publicada no Correio Braziliense de ontem sobre a criação do modser, o absorvente verde idealizado por duas belas brasilienses, Mônica Passarinho e Nara Gallina. A matéria é de João Campos.
A idéia de usar um absorvente lavável, que chega a durar até cinco anos, pode parecer estranha a primeira vista. Coloca em jogo a relação da mulher com o próprio corpo e propõe uma mudança significativa de comportamento. Mas a motivação por trás da iniciativa de duas brasilienses em trazer o produto para a capital é nobre. E verde.
Apesar de dividir opiniões, o Modser, como é chamado, significa um avanço na preservação ambiental e na economia doméstica. Inspirada na antiga forma de conter o sangue da menstruação — quando se usava toalhas de algodão na calcinha —, a alternativa começa a ganhar adeptas na cidade.
Especialistas afirmam que o modelo diminui os riscos de alergia e preserva a saúde da mulher, mas alertam para os cuidados na higienização do material.
Essa história começa em 2005, quando a estudante de biologia Mônica Passarinho, 25 anos, fez uma viagem pela América do Sul. Na Venezuela, conheceu uma australiana que tinha comprado um absorvente ecológico na Inglaterra — absorventes biodegradáveis ou reutilizáveis são vendidos em supermercados e lojas de países da Europa e nos Estados Unidos.
“Achei interessante e, como precisava economizar, resolvi comprar o material e fazer um para mim”, lembrou. No entanto, a produção e venda do Modser em Brasília começou no início de 2008, quando Mônica conheceu a arquiteta Nara Gallina, 24, no Instituto de Permacultura Ecovilas e Meio Ambiente (Ipoema), ONG da cidade.
“Já conhecia alguns modelos pela internet e tinha vontade de trazer o produto para cá. Resolvemos nos unir para começar a produzir e apresentar a alternativa para as mulheres”, contou Nara.
O absorvente renovável tem o tamanho semelhante ao convencional (20 cm) e conta com um compartimento onde são guardadas duas toalhinhas feitas 100% de algodão. Nas abas há dois botões que asseguram a fixação na roupa íntima. “O fato de ser de algodão aumenta a ventilação, diminuindo o mau cheiro do sangue”, explicou Mônica, que buscou o aval de ginecologistas durante o desenvolvimento do produto.
Segundo ela, a eficiência do Modser — o nome faz uma alusão a um novo modo de ser feminino — é equivalente à do tradicional: “Se a mulher troca de absorvente três vezes por dia, ela continua com a mesma freqüência”. O número de toalhas colocadas no compartimento varia de acordo com a intensidade do fluxo de sangue.
“Cada unidade vem com duas toalhas, mas a mulher pode adquirir outras ou usar apenas uma para ter mais segurança”, complementou a estudante.
A produção é feita a quatro mãos. Os tecidos são comprados em um mercado de Taguatinga e higienizados pela própria dupla. “Temos duas máquinas de costura e trabalhamos em casa. É trabalhoso, mas vale à pena. Representa um grande passo na união dos cuidados com a saúde e o planeta”, observou Gallina. Até o momento, as amigas produziram e venderam 600 absorventes. Elas trabalham para fazer outros 400 até julho.
“A aceitação foi boa. Mostra que as mulheres estão abertas para mudanças e para a preservação do meio ambiente”, comemorou a arquiteta. A venda começou entre amigas, que comercializaram para as amigas das amigas e assim por diante. A unidade do modelo padrão custa R$ 12,50 e o noturno, um pouco maior para conter o fluxo à noite, R$ 15,20.
Saúde
Mulheres entre 20 e 30 anos representam a maior parte do público que busca os absorventes amigos da natureza. A culinarista vegetariana Marina Corbucci, 24 anos, soube da existência do Modser há oito meses, em uma conversa com amigas. Resolveu experimentar e aprovou o produto.
“É preciso conhecer a intensidade do fluxo para adequar o uso, mas ele nunca me deixou na mão. As toalhas juntas são mais absorventes que o plástico cheio de algodão do convencional. Além disso, o contato com a pele é mais sensível e evita a alergia”, contou.
Além de cuidar da própria saúde, ela procurou a alternativa para diminuir a produção do lixo vindo da indústria dos absorventes (leia abaixo). “É preciso repensar o nosso modo de consumo para ajudar a diminuir quantidade de lixo jogada no planeta”, alertou.
O ginecologista Antônio Carlos da Cunha, professor do departamento de medicina da UnB, afirma que os absorventes totalmente feitos de algodão são ideais para preservar a saúde da vagina. “Para manter a acidez da vagina é preciso cuidar do equilíbrio da flora bacteriana. Os absorventes convencionais têm muitos produtos químicos, como perfumes e cola, que prejudicam as bactérias que mantêm a boa saúde do órgão e alteram a acidez da mucosa interna” explicou o especialista. Segundo ele, a química deixa a vagina mais propícia à infecções e reações alérgicas, reclamação freqüente entre as pacientes.
No entanto, Antônio alerta para os cuidados na limpeza do material. “É preciso tirar os resíduos de sangue, deixar secar totalmente e guardar em local limpo e arejado”, complementou.
Segundo a dupla que luta pelo sucesso do Modser na capital do país, a principal queixa com relação ao uso do produto diz respeito à praticidade. Muitas mulheres alegam não ter tempo para lavar o absorvente, outras têm nojo do próprio sangue. Há algumas mulheres que reclamam do vazamento. Mônica explica que no tradicional, por ser vedado com plástico, o sangue escorre pelas bordas. Já no reutilizável, escorre pelos fundos.
“São necessários dois ciclos até a mulher adaptar o tempo de troca do Modser à sua necessidade, assim como ocorre com o tradicional. Recebemos pouquíssimas reclamações. É uma questão de adaptação”, explicou Gallina. “A mulher deve querer a mudança e entender que o bem virá para todos”, concluiu Mônica.”
Pesquisa: Blog Reciclando ConceitosEstamos falando de Saúde, Economia, Meio Ambiente, Cultura Sustentável... querem mais para convencê-los?
RECICLANDO CONCEITOS
(Júlia Kacowicz)
(Júlia Kacowicz)
Aí estão eles, renováveis e bonitinhos!
Mas também nada de falta de higiene. Os absorventes, inspirados nos modelos de nossas avós ou bisas, usam toalhinhas de algodão. Depois de usadas, devem ser bem lavadas e secadas para serem usadas novamente. Os ginecologistas aprovam o material, dizem que é mais saudável para a mulher do que os plásticos.
E isso não é conversa de doido ou de ambientalista radical. A moda já está chegando em Brasília, São Paulo e no Rio de Janeiro. E ganhando adeptas. Quer saber como? Leia abaixo a matéria publicada no Correio Braziliense de ontem sobre a criação do modser, o absorvente verde idealizado por duas belas brasilienses, Mônica Passarinho e Nara Gallina. A matéria é de João Campos.
A idéia de usar um absorvente lavável, que chega a durar até cinco anos, pode parecer estranha a primeira vista. Coloca em jogo a relação da mulher com o próprio corpo e propõe uma mudança significativa de comportamento. Mas a motivação por trás da iniciativa de duas brasilienses em trazer o produto para a capital é nobre. E verde.
Apesar de dividir opiniões, o Modser, como é chamado, significa um avanço na preservação ambiental e na economia doméstica. Inspirada na antiga forma de conter o sangue da menstruação — quando se usava toalhas de algodão na calcinha —, a alternativa começa a ganhar adeptas na cidade.
Especialistas afirmam que o modelo diminui os riscos de alergia e preserva a saúde da mulher, mas alertam para os cuidados na higienização do material.
Essa história começa em 2005, quando a estudante de biologia Mônica Passarinho, 25 anos, fez uma viagem pela América do Sul. Na Venezuela, conheceu uma australiana que tinha comprado um absorvente ecológico na Inglaterra — absorventes biodegradáveis ou reutilizáveis são vendidos em supermercados e lojas de países da Europa e nos Estados Unidos.
“Achei interessante e, como precisava economizar, resolvi comprar o material e fazer um para mim”, lembrou. No entanto, a produção e venda do Modser em Brasília começou no início de 2008, quando Mônica conheceu a arquiteta Nara Gallina, 24, no Instituto de Permacultura Ecovilas e Meio Ambiente (Ipoema), ONG da cidade.
“Já conhecia alguns modelos pela internet e tinha vontade de trazer o produto para cá. Resolvemos nos unir para começar a produzir e apresentar a alternativa para as mulheres”, contou Nara.
O absorvente renovável tem o tamanho semelhante ao convencional (20 cm) e conta com um compartimento onde são guardadas duas toalhinhas feitas 100% de algodão. Nas abas há dois botões que asseguram a fixação na roupa íntima. “O fato de ser de algodão aumenta a ventilação, diminuindo o mau cheiro do sangue”, explicou Mônica, que buscou o aval de ginecologistas durante o desenvolvimento do produto.
Segundo ela, a eficiência do Modser — o nome faz uma alusão a um novo modo de ser feminino — é equivalente à do tradicional: “Se a mulher troca de absorvente três vezes por dia, ela continua com a mesma freqüência”. O número de toalhas colocadas no compartimento varia de acordo com a intensidade do fluxo de sangue.
“Cada unidade vem com duas toalhas, mas a mulher pode adquirir outras ou usar apenas uma para ter mais segurança”, complementou a estudante.
A produção é feita a quatro mãos. Os tecidos são comprados em um mercado de Taguatinga e higienizados pela própria dupla. “Temos duas máquinas de costura e trabalhamos em casa. É trabalhoso, mas vale à pena. Representa um grande passo na união dos cuidados com a saúde e o planeta”, observou Gallina. Até o momento, as amigas produziram e venderam 600 absorventes. Elas trabalham para fazer outros 400 até julho.
“A aceitação foi boa. Mostra que as mulheres estão abertas para mudanças e para a preservação do meio ambiente”, comemorou a arquiteta. A venda começou entre amigas, que comercializaram para as amigas das amigas e assim por diante. A unidade do modelo padrão custa R$ 12,50 e o noturno, um pouco maior para conter o fluxo à noite, R$ 15,20.
Saúde
Mulheres entre 20 e 30 anos representam a maior parte do público que busca os absorventes amigos da natureza. A culinarista vegetariana Marina Corbucci, 24 anos, soube da existência do Modser há oito meses, em uma conversa com amigas. Resolveu experimentar e aprovou o produto.
“É preciso conhecer a intensidade do fluxo para adequar o uso, mas ele nunca me deixou na mão. As toalhas juntas são mais absorventes que o plástico cheio de algodão do convencional. Além disso, o contato com a pele é mais sensível e evita a alergia”, contou.
Além de cuidar da própria saúde, ela procurou a alternativa para diminuir a produção do lixo vindo da indústria dos absorventes (leia abaixo). “É preciso repensar o nosso modo de consumo para ajudar a diminuir quantidade de lixo jogada no planeta”, alertou.
O ginecologista Antônio Carlos da Cunha, professor do departamento de medicina da UnB, afirma que os absorventes totalmente feitos de algodão são ideais para preservar a saúde da vagina. “Para manter a acidez da vagina é preciso cuidar do equilíbrio da flora bacteriana. Os absorventes convencionais têm muitos produtos químicos, como perfumes e cola, que prejudicam as bactérias que mantêm a boa saúde do órgão e alteram a acidez da mucosa interna” explicou o especialista. Segundo ele, a química deixa a vagina mais propícia à infecções e reações alérgicas, reclamação freqüente entre as pacientes.
No entanto, Antônio alerta para os cuidados na limpeza do material. “É preciso tirar os resíduos de sangue, deixar secar totalmente e guardar em local limpo e arejado”, complementou.
Segundo a dupla que luta pelo sucesso do Modser na capital do país, a principal queixa com relação ao uso do produto diz respeito à praticidade. Muitas mulheres alegam não ter tempo para lavar o absorvente, outras têm nojo do próprio sangue. Há algumas mulheres que reclamam do vazamento. Mônica explica que no tradicional, por ser vedado com plástico, o sangue escorre pelas bordas. Já no reutilizável, escorre pelos fundos.
“São necessários dois ciclos até a mulher adaptar o tempo de troca do Modser à sua necessidade, assim como ocorre com o tradicional. Recebemos pouquíssimas reclamações. É uma questão de adaptação”, explicou Gallina. “A mulher deve querer a mudança e entender que o bem virá para todos”, concluiu Mônica.”
Júlia Kacowicz
Repórter do Diário de Pernanbuco
Foto de Zuleika de Souza. D.A Press
Grifos Ana Andrade
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