17 de mar. de 2010

Os Efeitos da Preponderância Estrogênica

Parte I

Os problemas femininos parecem estar em alta. 40 a 60% de todas as mulheres ocidentais sofrem de TPM. Além disso, elas sofrem de superabundância de sintomas, alguns da menopausa e outros não. Certamente algo muito alarmante parece estar acontecendo com as mulheres. Há indícios de que o equilíbrio
hormonal adequado e necessário para que o organismo da mulher funcione de forma saudável está sendo interferido por diversos fatores. As pesquisas têm revelado que um grande número de mulheres nos seus 30 anos (e algumas até mais jovens), bem antes de ter início a menopausa, às vezes deixa de ovular no devido período. Sem ovulação, não há corpus luteum e nenhuma progesterona é produzida. O resultado é uma deficiência de progesterona.
Muitos problemas podem resultar dessa deficiência. Uma delas é a presença, durante todo um mês, de estrogênio não combinado, com todo seu elenco de efeitos colaterais, como já foi mencionado. Um outro é o geralmente não reconhecido problema do papel da progesterona na osteoporose. A medicina contemporânea ainda não tomou conhecimento de que a progesterona estimula a formação de novos ossos pela mediação de osteoblastos. Na verdade, é a progesterona que estimula novos tecidos ósseos e é capaz de reverter a osteoporose em qualquer idade. A falta de progesterona significa que novos osteoblastos não são criados e a osteoporose pode surgir.
Um terceiro e importante problema resulta do inter-relacionamento entre perda de progesterona e stress. Nós vivemos, no mundo industrializado, imersos num crescente mar de derivados petroquímicos. Eles estão no ar, nos alimentos e na água. Esses produtos químicos incluem pesticidas e herbicidas (como DDT, dieldrin, heptacloro, etc), bem como vários plásticos (policarbonados, usados em mamadeiras e garrafões para água) e PCBs.
Esses imitadores do estrogênio são altamente solúveis em gordura, não são biodegradáveis nem bem expelidos, acumulando-se nos tecidos gordurosos de animais e humanos. Esses produtos químicos possuem uma incrível capacidade de imitar o estrogênio natural, e receberam o nome de xeno-estrógenos, já que apesar de serem produtos químicos "estrangeiros", são absorvidos pelos receptores de estrogênio no organismo, interferindo seriamente nas alterações bioquímicas naturais. (ver "Nota do Tradutor" no final).

Crescentes pesquisas estão agora revelando uma alarmante situação em nível mundial, criada pela inundação desses imitadores de hormônios. No recentemente lançado livro Our Stolen Future ("Nosso Futuro Roubado", por Theo Colburn - do World Wildlife Fund, Dianne Dumanoski - do Boston Globe, e John Peterson Myers - zoólogo), foram identificados 51 imitadores de hormônios, cada um deles capaz de desencadear uma torrente de efeitos, como redução na produção de esperma, divisão celular e modelação de cérebros em desenvolvimento. Esses imitadores não somente estão ligados à recente descoberta de que a contagem do esperma humano despencou 50% em todo o mundo, entre 1938 e 1990, mas também a deformações genitais, câncer de mama, de próstata e testicular, além de desordens neurológicas.
O Dr. Lee descobriu um tema constante entre as queixas das mulheres sobre os aflitivos e muitas vezes debilitantes sintomas da TPM, da perimenopausa e da menopausa - excesso de estrogênio, ou, como ele denominou, uma "predominância estrogênica."
Agora, em vez de o estrogênio desempenhar seu papel essencial dentro da bem equilibrada sinfonia dos hormônios esteróides no organismo feminino, ele passou a ofuscar os demais "músicos", criando uma dissonância bioquímica. A última coisa no mundo que o corpo da mulher precisa é mais estrogênio - seja na forma de anticoncepcionais ou de terapia de reposição hormonal (TRH). Mas, quando os sintomas da predominância estrogênica aparecem, adivinhe o que é prescrito? Mais estrogênio! O delicado equilíbrio natural entre progesterona e estrogênio fica radicalmente alterado pelo excesso de estrogênio. E a deficiência de progesterona é então ainda mais exacerbada.

O Dr. Lee conseguiu compensar o efeito predominância-estrogênica através do uso de um creme transdérmico com progesterona natural. A progesterona natural, um derivado do colesterol, é feita a partir do inhame silvestre mexicano ou da soja, cujos ingredientes ativos são réplicas moleculares exatas da progesterona do organismo humano. É interessante notar que em países da Ásia e da América do Sul, onde as mulheres ingerem soja ou inhame, o termo "fogacho" nem mesmo existe em suas línguas. Elas também raramente sofrem de inúmeros problemas femininos que atualmente afligem as ocidentais.
A suplementação com progesterona natural corrige o real problema - a sua deficiência. Não se conhece nenhum efeito colateral da progesterona natural, nem foi encontrado até hoje qualquer nível tóxico. A progesterona natural aumenta a libido, previne o câncer da mama, mantém o revestimento uterino, fibrocísticas do seio, hidrata e oxigena a pele, reverte o hirsutismo (crescimento de pelos faciais) e a diminuição de cabelo, age como um diurético natural, ajuda a eliminar a depressão e aumenta o sentimento de bem-estar, promove a queima de gorduras e a utilização da energia armazenada, normaliza a coagulação do sangue, e ainda é precursora de outros importantes hormônios sexuais e anti-stress.
Até mesmo os mais predominantes sintomas da menopausa - fogachos e secura vaginal - desaparecem rapidamente com as aplicações de progesterona natural.
Há ainda outro benefício muito importante da progesterona natural e que merece um pouco mais de atenção. Embora a maioria das pessoas suponha que o estrogênio protege contra a osteoporose - uma das principais razões pelas quais as mulheres são estimuladas a usar a terapia de reposição hormonal - este, definitivamente, não é o caso.
Os antigos estudos nos quais a hipótese da proteção do estrogênio foi baseada, tiveram graves defeitos científicos. A pesquisadora canadense Jerilyn Prior, endocrinologista-chefe da British Columbia University em Vancouver, com outros colegas, reportando no New England Journal of Medicine, confirmou que o papel do estrogênio na osteoporose é mínimo. Em seus estudos sobre atletas femininas, esses pesquisadores descobriram que a osteoporose ocorre à proporção que as atletas se tornaram deficientes de progesterona, embora seus níveis de estrogênio pareçam se manterem normais. A Dra. Prior continuou sua pesquisa com mulheres não atletas, que mostraram os mesmos resultados. Apesar de ambos os grupos estarem menstruando, elas apresentavam ciclos sem ovulação e, portanto, eram deficientes em progesterona. A Dra. Prior então descobriu que a ausência de ovulação e um ciclo curto hoje ocorre em 50% dos ciclos menstruais das norte-americanas, durante o final dos anos reprodutivos. Infelizmente, essas importantes descobertas passaram relativamente despercebidas na comunidade médica.
Como resultado de suas extensivas provas científicas publicadas nessa área, Prior confirmou que não é o estrogênio, mas sim a progesterona que é o hormônio nutridor dos ossos, ou seja, o formador de ossos. Ela conseguiu até mesmo identificar receptores de progesterona nos osteoblastos (células formadoras de tecido ósseo). Ninguém jamais encontrou receptores de estrogênios nos osteoblastos.
Em resumo, é na mulher com deficicência de progesterona que ocorre perda óssea. Estes resultados foram obtidos num estudo de 3 anos em 63 mulheres com osteoporose e em fase pós-menopausa. Mulheres que usaram creme transdérmico com progesterona tiveram uma média de 7 a 8% de incremento na densidade da massa óssea no primeiro ano, 4 a 5% no segundo ano, e 3 a 4% no terceiro ano! Mulheres que não recebem tratamento nessa faixa etária normalmente perdem 1,5% de densidade da massa óssea por ano! Esses resultados não foram obtidos com nenhuma outra forma de terapia de reposição hormonal ou suplementação dietética.
O Dr. Lee acredita que o uso de progesterona natural, em conjunto com alterações na dieta e estilo de vida, pode não somente interromper a osteoporose, mas na verdade revertê-la - mesmo nas mulheres com 70 ou mais anos.
Neste ponto é importante fazer uma distinção entre progesterona natural, produzida pelo organismo, e os sintéticos da progesterona - classificados como progestinas (ou progestogênios), como Provera, Duphaston e Primolut. Como você verá, há uma grande diferença entre as duas quanto aos seus efeitos no organismo, embora a maioria dos médicos use esses nomes de forma intercambiável.
Como a progesterona natural não é um produto patenteável, as empresas farmacêuticas a modificaram molecularmente para produzir progestinas sintéticas, normalmente usadas em anticoncepcionais e na terapia de reposição hormonal.
As progestinas sintéticas, por não serem réplicas exatas da progesterona natural do organismo humano, infelizmente criam uma longa lista de efeitos colaterais, alguns dos quais bastante severos. Uma listagem parcial desses efeitos inclui dores de cabeça, depressão, retenção de fluidos, maiores riscos de defeitos no parto e abortos, disfunções renais, flacidez nos seios, sangramento irregular, acne, crescimento de pelos, insônia, edemas, alterações no peso, embolismo pulmonar, e síndrome do tipo pré-menstrual. E, muito importante, as progestinas carecem de benefícios biológicos intrínsecos da progesterona e portanto não podem funcionar nos principais desdobramentos de síntese biológica, como o faz a progesterona, e desorganizam muitos processos fundamentais do organismo. A progesterona é um hormônio essencial que também desempenha um papel no desenvolvimento de células nervosas e cérebros saudáveis, bem como no funcionamento da tireóide. As progestinas tendem a bloquear a capacidade do organismo de produzir e utilizar a progesterona natural para manter essas funções promotoras da vida.
A história do hormônio é certamente complicada. Até agora, apenas uma versão da história tem estado ao alcance da maioria das mulheres ocidentais. Sérias dúvidas têm sido levantadas quanto à eficácia e conveniência do estrogênio e das progestinas, em qualquer de suas formas. As mulheres certamente estão sofrendo uma variedade de doenças femininas.

O que complica a história do hormônio é que o tratamento prescrito pra essas doenças está na realidade tornando pior o problema. Sem compreenderem os efeitos colaterais de amplas conseqüências da predominância estrogênica e das progestinas, os médicos estão diagnosticando mal a causa dessas condições agravadas. Muitas vezes, outras drogas são então receitadas, com efeitos colaterais desastrosos, à medida que cresce a espiral de medicação desnecessária. Qual é o derradeiro sacrifício? Não apenas a deterioração da saúde e do bem-estar emocional da mulher, mas também sua situação financeira, seu relacionamento, sua carreira.
Sem conhecimento adequado, sem educação e sem ter acesso a produtos naturais, as mulheres têm se tornado presas fáceis das poderosas campanhas publicitárias dos fabricantes multinacionais de medicamentos, que já conveceram médicos e órgãos governamentais de suas alegações. Está se tornando mais evidente que o bem das mulheres nem sempre está sendo levado em consideração nessa abordagem tendenciosa. Tampouco é incomum o lucro ter precedência sobre a saúde e o bem-estar. A última coisa que uma mulher precisa é ter as funções naturais do seu organismo denegridas como deficiências ou doenças - necessitando, portanto, de atenção médica contínua.
Está mais do que na hora da mulher assumir responsabilidades ainda maiores sobre a sua saúde, suas opções e seu estilo de vida. A maior de todas as armas contra a submissão e a ignorância é o conhecimento.
Está na hora de fazer perguntas difíceis aos que tratam de sua saúde, exigir respostas, e estar disposta a investigar alternativas seguras. Está ficando evidente que a mulher precisa participar no esclarecimento do seu médico sobre outras opções existentes, bem como escolher aquelas que ela preferir.
Certamente a mulher tem dentro de si mesma o poder não apenas para encontrar meios mais seguros, eficazes e naturais de curar-se, mas também para viver uma vida longa e plena, preservando a sua vitalidade, juventude e saúde. A mulher tem o direito de valorizar a si mesma e o seu corpo, em todos os estágios da vida. À medida que encontre o caminho para voltar a ter um maior equilíbrio dentro de si mesma, ela entenderá a profundidade da verdade do que o Dr. Deepak Chopra disse a respeito das mulheres: "A sabedoria feminina é a inteligência no coração da criação."

Nota do tradutor: A edição de 27-10-99 do jornal O Estado de S. Paulo publicou a nota "Componente químico pode ser responsável por puberdade precoce - causa poderia ser substância encontrada em produtos plásticos, como mamadeiras", reproduzindo matéria do jornal Kansas City Star, que cita artigo publicado na revista Nature. O assunto refere-se a pesquisas realizadas por cientistas das Universidades de Missouri e da Carolina do Norte, demonstrando a ação dos chamados xeno-estrógenos (ou xeno-bióticos) - imitadores de hormônios - sobre a mulher.

Extraído: Nova Era

Grifos Ana Andrade

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