As representações da Deusa datam de muito antes do alvorecer do atual ciclo de civilização. Desde o início da consciência, o homem já cultuava a Divindade no seu aspecto feminino, visto que o macho era apenas uma espécie de estimulador do poder criativo. Por isso a Deusa foi a primeira divindade a ser cultuada desde as mais remotas culturas, representando a fertilidade e o lado feminino da Natureza, como Fonte Criadora Universal.
Então todas as representações pictóricas comprovam uma cosmogonia centrada no Feminino.
Representa a totalidade da criação e a unidade da Vida. Suas múltiplas manifestações recriam o eterno ciclo de nascimento, crescimento, morte e renascimento.
Ela tem sido reverenciada e amada sob inúmeros aspectos e, fundamentalmente, como a própria Terra. A sua presença é a mais fortemente arraigada no inconsciente coletivo e tem originado os mais diversos mitos, onde a donzela pura, a moça sedutora, a mãe consoladora, a fêmea nutriente, a guerreira protetora, a velha sábia, representam aspectos de uma única divindade incorporando o Eterno Feminino. Várias deusas têm sido celebradas através da história, no panteão de todas as religiões, como representações da Grande Mãe.
Dentro da concepção xamânica tudo se interliga neste organismo vivo e vibrante , a Mãe Natureza. Nesta teia sistêmica, um afeta o todo e o todo afeta a um; todos somos codependentes. Nós somos Gaia, Pachamama, a Mãe Terra, que vive em cada um de nós.
Em seu aspecto como Rainha da Floresta, ela é aquela que nos alimenta, nutre e sacia. Cura e ensina, sempre através do vegetal. Pelo seu ventre encarnamos em matéria e pelo seu ventre retornaremos ao plano espiritual.
A doutrina cristã articulada por Paulo de Tarso, com um cunho claramente machista, de início tentou, mas não logrou apagar a presença do Eterno Feminino no coração da humanidade. Como os povos, mesmo depois de convertidos, não esqueciam a Grande Mãe através das diversas Deusas, no primeiro Concílio de Éfeso ( no ano 415), à título de compensação, foi concedido à mãe de Jesus o título de Santa Maria "Mãe de Deus". Este foi o resultado, não de respeito pelo feminino, mas consequencia de uma pressão popular que ameaçava de queimar vivos os membros do Concílio.
Independente da devoção à Maria mãe de Jesus, no seio dos Cristianismos Romano e Ortodoxo, a mulher continuou sendo discriminada e relegada a um plano de inferioridade diante do masculino. Encarada como sedutora responsável pela "perdição" do homem e incitadora da prática sexual - considerada pecaminosa - passou a ser agregada como "um mal necessário" ao mundo masculino e não reverenciada como sagrada geradora da Vida.
Como o Catolicismo não podia tolerar qualquer doutrina ou sociedade que, de alguma forma, cultuassem o Divino Feminino, transformaram em bruxaria e práticas diabólicas, rituais ligados à Natureza. Queimaram vivas, a pretexto de feitiçaria, centenas de mulheres que detinham um saber informal ligado à Medicina Sagrada das plantas, da astrologia e dos oráculos. Já os protestantes, seguiram ignorando o aspecto feminino da Divindade, cultuando apenas um Criador masculino e seu filho único, encarnado em corpo humano e também masculino.
Maria de Nazaré, como Mestre Ascencionada da Grande Loja Branca e alheia as contendas sectárias que envolverm as instituições religiosas, optou por cumprir a missão de Mãe da Humanidade, dispensando Amor Incondicional a todos os filhos da Terra, sendo o único Ser capaz de aliviar o peso das suas dívidas cármicas.
Pela capacidade de gerar a vida, desde os primórdios a mulher foi envolvida por um halo de encanto, especialmente porque, embora sangrando mensalmente, não morria. E todos estavam cientes de que todo o necessário para que a vida fosse mantida, vinha direta ou indiretamente da Terra.
Ao notar que a gravidez humana durava dez luas (lunações) e ainda, o período de colheita também obedecia a um ciclo de 13 lunações, estabeleceram conexão da mulher com a Lua.
A Deusa Lua passou a ser cultuada em três aspectos: a Donzela, que corresponde à Lua Crescente, a Mãe que corresponde à Lua Cheia, e a Anciã, expressa o simbolizando a na Lua Minguante.
A donzela significa o início, tudo o que vai crescer, o apogeu da juventude, as sementes plantadas que começarão a germinar, a Primavera, os animais no cio e seu acasalamento. Ela é a Virgem, não só fisicamente, mas em todo potencial de iniciar e chegar à auto-suficiência.
Como Deusa Mãe ela atinge sua plenitude. Significa abundância, proteção, procriação, nutrição ; os animais parindo e amamentando, as espigas maduras, a prosperidade, a idade adulta. Ela é a Senhora da Vida, a sua face se apresenta em plenitude.
Por fim, como Deusa Anciã, é a Mulher Sábia, aquela que atingiu a menopausa e não mais verte seu sangue, tornando-se assim mais poderosa por isso. Simboliza a paciência, a sabedoria, a velhice, o anoitecer. A Anciã também é a Deusa em sua face Negra da “ceifeira”, a Senhora da Morte, fechando e perpetuando o eterno ciclo dos renascimentos. A Senhora da Sombra, a Guardiã das Trevas e Condutora das Almas é essencial em nossos processos vitais.
Fonte: Águia Dourada
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