ARQUÉTIPOS... UM ESTUDO REVELADOR...
(por Ana Paula
Andrade, set. 2015)
Desde 1996
tenho me dedicado a estudar e observar os arquétipos das deusas gregas, tão
presentes na psique feminina. E é interessante perceber o quanto tais
arquétipos regem e/ou condicionam o comportamento das mulheres, principalmente
quando não são compreendidos por elas mesmas.
As imagens
arquetípicas fazem parte de nosso legado humano coletivo, elas são
“familiares”. E os mitos gregos são contados e recontados porque os deuses e as
deusas nos dizem as verdades sobre a natureza humana. Eles expõem luz e sombra.
Todo arquétipo está associado a certos dons e determinados problemas possíveis.
Toda deusa mitológica tem sua luz e sua sombra.
Luz e sombra
são partes essenciais da criação, os dois princípios básicos, igualmente
poderosos. Nenhum princípio é “melhor” ou “mais forte” que o outro. Portanto, a
sombra não é algo ruim. Mas se tratando de Inconsciente, na sombra o mal se
esconde para não ser visto.
Talvez por este
motivo, muitas pessoas se neguem a olhar para sua Sombra, com medo daquilo que
poderão encontrar por lá (seus próprios demônios). Mas também muitas de nós
deixamos esquecidos na sombra grandes potenciais e habilidades, bem como,
instintos reprimidos.
Ao conhecer e
identificar as múltiplas faces da Deusa através dos mitos e refletir sobre o
feminino ainda fragmentado, pode-se (com dedicação e sem julgamentos) assumir
primeiramente uma posição de escuta interna. Observar quem delas se sobressai
mais que outras e desta forma identificar porque alguns setores da vida
funcionam melhor que outros, e porque algumas relações são mais desafiadoras
que outras.
Um exemplo
prático é uma mulher Héstia com
filhos: A casa sempre bagunçada, o agito das crianças, gritos e falta de tempo
para meditar em sua casa, lhe causa extremo desconforto.
Uma mulher Artemis com filhos, vai encorajá-los a crescer. Ela não vê a hora que as
crianças cresçam para fazerem projetos juntos, se tornarem independentes dela e ela ter de volta sua
liberdade.
Uma mulher Hera com filhos talvez dispute com estes
a atenção do marido, ou os afaste do pai.
Uma mulher Coré com filhos talvez seja tão imatura
e insegura quanto eles. E se já estiver assumido a Perséfone, pode ser uma boa
guia ou viver períodos de distanciamento, enquanto encontra-se mergulhada em
seu mundo interno.
Uma mulher Atena vai resolver com muita
praticidade, sem tanta emoção, o dia-a-dia da casa, dos filhos, da família, do trabalho,
estabelecendo uma organização e mantendo tudo bem “administrado”.
Uma mulher Deméter... Há, esta estará realizada com
filhos. Principalmente enquanto estes estiverem sob sua guarda ou seu “teto”.
Por outro lado, pode perder-se na dependência emocional e passar muito tempo
tentando controlar a vida de seus filhos.
Todas as deusas
estão contidas em nossa psique, o que acontece é que algumas estabeleceram
residência mais na superfície, outras (por motivos que cabem à nossa história
pessoal) ficaram mais recolhidas nas profundezas de nosso interior. Mas elas
estão lá, prontas para serem invocadas ou convidadas à sua Dança.
Por vezes
acontece de estarmos tão confortáveis dançando o passo que nos foi “ensinado”,
que nos mantemos anos em determinada coreografia, sem conhecer de fato nosso
próprio ritmo. Fomos condicionadas, niveladas, ajustadas, vestidas ou moldadas
pela família, classe social, religião, experiências de vida, o que levou muitas
de nós a uma distância considerável de afastamento de alguns arquétipos.
Algumas destas faces da Deusa ficaram tão mal compreendidas (ou mal resolvidas)
que as evitamos, as rejeitamos, criando com isto alguns conflitos, sejam
internos ou externos.
Como ninguém
gosta de ser rejeitado, nos deparamos com algumas dificuldades em determinadas
áreas de nossa vida e séries de padrões que se repetem e começam a causar dor e
sofrimento. Este é um sinal de um arquétipo buscando a superfície. O arquétipo
sempre surge por uma necessidade. E a necessidade é sua! A vida nos presenteia
com repetidas oportunidades de enfrentarmos o que tememos e tornarmo-nos
conscientes de nosso potencial.
Mas também há outra
característica, para qual precisamos dar atenção ou ter cuidado. Quando nos
identificamos muito com certa deusa, podemos nos perder de nossa
individualidade e tornar-se “possuída” por ela.
A deusa
alquímica, que pode estabelecer com arte, beleza e criatividade, um diálogo
amoroso entre todas as suas faces, é a tão famosa Afrodite, deusa do AMOR. Ela nos diz que não é possível alcançar a
libertação se não soubermos amar cada parte de nosso Ser Mulher. Sem culpa,
crítica e auto-julgamento, nos entregarmos a dança cósmica da Deusa Mãe, que é
Uma e que se manifesta de diferentes formas, para ensinar suas filhas e
orientar seu florescimento.
Ela nos convida
ao prazer e nos atenta ao que nos dá prazer.
E o que lhe dá
prazer? Criar os filhos, cozinhar, ler um livro, cuidar da casa, fazer da casa
seu templo? Plantar, cuidar dos animais, fazer esporte? Dedicar-se aos estudos,
à sua profissão, ou ao seu caminho espiritual? Ser esposa, prestar serviço à
sociedade/comunidade, viajar sem hora para voltar, pintar, dançar, escrever
poesias? Não há nada de errado em se ter prazer!
O importante é
elaborar, criativamente e amorosamente, como você vai encaixar o prazer na sua
vida, a partir de agora. Uma dica é evitar corresponder à estereótipos, deixar
de se conformar com o que é esperado a seu respeito e fazer o que ama. Lembrando
que o Amor nada impõe, sempre convida. Que o amor não aprisiona nem separa, ele
sempre liberta!
Conhecer cada
deusa arquetípica e seus mitos faz com que a mulher perceba mais de si,
reconhecendo que cada face da Deusa são aspectos de si mesmo (qualidades e
aspectos que podem ser melhorados). Com
isto, também fica mais fácil compreender a própria mãe, as outras mulheres e
até mesmo os homens (todos trazem deuses e deusas na psique). Mas o ponto a se
chegar não é somente conhece-las, é bailar em harmonia com elas. É quando as
deusas cooperam e revezam no interior da mulher. Mas para chegar neste ponto a
mulher terá de se posicionar, terá de dizer sim e não ou “agora não”, diante da
insistência ou das exigências de qualquer deusa dominante.
O grande
segredo para este bailado é desenvolver um ego observador, tornar-se consciente
dos arquétipos, desenvolver uma escuta sensível para com estas vozes internas,
aproveitar a energia inspiradora de cada deusa e tornar-se VOCÊ a regente desta
grande orquestra. Desta forma, você desenvolve uma sinfonia de diferentes
maneiras de olhar e pode com isso alcançar o “olhar de águia”, a Grande Visionária,
que atende a Maestria Interna – Aquela
que Sabe. Os arquétipos passam a ser seu Corpo de Baile e você: a Bailarina
principal! A verdadeira protagonista da sua história!